quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Review: ⚡ CB3 - 'Aeons' (2020) ⚡

Originário da cidade sueca de Malmö, o fascinante e talentoso power-trio de essência puramente instrumental CB3 (acrónimo de Charlottas Burning Trio) está na iminência de apresentar o seu novo álbum designado ‘Aeons’ através da mão do influente selo discográfico de raiz nórdica The Sign Records. Tendo o seu lançamento integral e oficial agendado para a próxima sexta-feira (28 de Fevereiro) sob a forma digital, de CD e vinil, fora-me dada a honrosa e irrecusável oportunidade de o experienciar com uma considerável antecedência, e o que se segue representa toda uma sentida e apaixonada dissertação pensada e redigida ainda com o álbum em processo de digestão. Norteado e condimentado por um serpenteante, hipnótico, cósmico e provocante Prog Rock de bussola apontada aos clássicos britânicos King Crimson, um pulsante, esponjoso, libidinoso e magnetizante Krautrock sintonizado na mesma frequência dos lendários germânicos CAN, um envolvente, profético, sidérico e eloquente Psychedelic Rock de aroma Pink Floyd’eano, e ainda um exuberante, místico, ritualístico e delirante Jazz-Fusion de discretas aproximações aos épicos Mahavishnu Orchestra, este ousado e inspirado ‘Aeons’ causara em mim um intenso estádio de arrebatamento logo na primeira audição que lhe dedicara. A sua sonoridade de pele camaleónica e clima enigmático distende-se das bronzeadas, quentes e aveludadas dunas que mareiam o Deserto do Saara aos mais recônditos, gélidos e soterrados domínios do profundo negrume celestial. De olhar siderado, pálpebras pesadas, cabeça pendulante, e alma enfeitiçada somos capturados e viajados pela edénica e epidémica sublimidade de CB3. Uma fabulosa e aventurosa odisseia pela desmedida vastidão do nosso universo interior farolizada por uma guitarra exploratória que se engrandece na estonteante condução de flutuantes, fibrosos, oleosos e entusiasmantes Riffs, e ecoantes, alucinógenos e viajantes solos movidos a um experimentalismo alienígena, um baixo denso, tenso e sombreado de linhas possantes, torneadas, empoladas e palpitantes, e uma bateria acrobática e jazzística de toque galopante, polido, delicado e flamejante. Num plano secundário é-me ainda essencial enfatizar a surpreendente e carismática presença no derradeiro tema de um melódico e exótico saxofone de uivos berrantes, soturnos, sedosos e atordoantes que confere toda uma aura grotesca a este majestoso trabalho forjado pelo trio escandinavo. ‘Aeons’ é uma obra magistral, bafejada e conjugada pela sagacidade, delicadeza, destreza e sensibilidade, que decerto agradará e conquistará todos aqueles que nela se refugiarem. Um disco verdadeiramente vistoso, epopeico e delicioso de fio a pavio. Tombem as pálpebras, dilatem as narinas e inalem a mágica, perfumada e catártica nebulosidade exalada pelos CB3. Seguramente um dos mais relevantes álbuns de 2020 está aqui, na caprichosa, esplendorosa e renovada criação deste habilidoso tridente ofensivo que se reinventa em cada concepção discográfica.

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