sábado, 1 de fevereiro de 2020

Review: ⚡ Yuri Gagarin - 'The Outskirts Of Reality' (2020) ⚡

Os já consagrados astronautas nórdicos Yuri Gagarin acabam de nos presentear com mais um capítulo retirado da sua fabulosa digressão cósmica. ‘The Outskirts Of Reality’ é o terceiro e novo álbum deste quarteto sediado na cidade de Gotemburgo (Suécia) e promovido a duas mãos sob a forma física de CD e vinil pela discográfica local Kommun 2 Records e através do selo grego Sound Effect Records. Baseado num furioso, estonteante, exótico e espalhafatoso Space Rock – à boa moda dos icónicos britânicos Hawkwind e dos cosmonautas suíços Monkey3 – entrelaçado num electrizante, carnavalesco e atordoante Heavy Psych de saturação astral – na mesma frequência dos norte-americanos Ecstatic Vision – e que pontualmente se apazigua, relaxa e desagua nas lisérgicas praias de um meditativo, hipnótico e imersivo Krautrock de inspiração trazida dos históricos germânicos Neu!, este ‘The Outskirts Of Reality’ é uma catártica experiência sensorial que nos arremessa para o centro de um poderoso vórtice capaz de engolir e capturar todos os corpos celestes suspensos na vastidão cósmica. A sua sonoridade tremendamente visual e de influência mental causa no ouvinte toda uma intensa e insana alucinação que lhe rasga as vestes da lucidez e o atesta de uma febril embriaguez. Embarquem e dissolvam-se nesta delirante hipnose pelas sónicas auto-estradas espaciais à estimulante boleia da enigmática radiação criada e propagada por um mágico sintetizador de idioma alienígena, a mística alquimia fumegada por uma guitarra messiânica que ruge poderosos, fibrados, motorizados e rumorosos Riffs, e uiva selváticos, ácidos, desvairados e entusiásticos solos, o bafo reverberante de um baixo magnetizante capitaneado a linhas possantes, densas, tensas e intrigantes, e uma incansável ritmicidade locomovida por uma bateria de rédea larga e esporas afiadas que arranca numa incessante, destravada e excitante galopada de consumo impróprio para cardíacos. De alargar as palavras elogiosas aos domínios visuais do extraordinário artwork brilhantemente concebido pelo talentoso ilustrador sueco Påhl Sundström (artista residente em todos os três álbuns de Yuri Gagarin). Este é um trabalho de natureza tremendamente impactante que nos varre violentamente pelas costuras fronteiriças de um Cosmos vivificante. Uma violenta propulsão na vertiginosa direcção do espaço sideral – a fazer recordar a épica viagem no tempo e espaço de Stanley Kubrick no comando de uma das suas obras-primas cinematográficas 2001: A Space Odyssey – sem ingresso de regresso assegurado. Percam-se, encontrem-se e endoideçam-se na revoltosa intimidade desta renovada e inspirada excursão pelo universo exuberante de Yuri Gagarin, e testemunhem toda a sísmica, psicotrópica e vibrante eclosão de um dos álbuns mais aguardados de 2020.

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