segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Review: ⚡ Ball - 'Like You Are… I Once Was… Like I Am - You Will Never Be' (2020) ⚡

Em 2017 redigia apaixonadas palavras ao impactante álbum de estreia do irreverente power-trio de origem nórdica Ball (review aqui), e hoje – imensamente deslumbrado e embriagado com a luciférica nasalação do fantástico registo que o sucede – sinto-me forçado a replicar toda a minha desmoderada devoção apontada a esta sui generis formação sediada na cidade-capital sueca de Estocolmo. Lançado muito recentemente pela mão da parceria discográfica local entre a Horny Records e a Subliminal Sounds nos formatos físicos de CD e vinil (este último ultra-limitado à prensagem de apenas 300 exemplares disponíveis para venda), ‘Like You Are…I Once Was…Like I Am – You Will Never Be’ ostenta um bélico, vigoroso, gorduroso e diabólico Hard Rock de roupagem vintage, ensopado num efervescente, enérgico, vulcânico e erodente Heavy Psych de bruma psicotrópica, e atemorizado por um ritualístico, enfeitiçante, horripilante e enigmático Proto-Metal de galope revivalista e adoração ocultista. A sua sonoridade fumegante, acrimónia e narcotizante – regada a diluviana lava incandescente, e emporcalhada pelo borbulhante, abrasado e intoxicante efeito Fuzz – é motorizada e carburada por uma guitarra pagã que se manifesta em afrodisíacos, imperiosos, majestosos e monolíticos Riffs Iommi’escos de onde trepam serpenteantes, ácidos, alcoolizados e esvoaçantes solos, um bafejante baixo de possante, densa, tensa e ondulante reverberação, uma bateria combativa de picante, enfática, dinâmica e rutilante ritmicidade, e ainda decrépitos vocais de expressão depravada, cavernosa, oleosa e eriçada que lidera com distinção toda esta vampírica liturgia. Deixem-se dissolver, consumir e revolver nas labaredas infernais de Ball e vivenciem de forma detida e vivida este seu tão ansiado regresso. Não vai ser fácil escoar toda a sedada euforia que nos atestara e esporeara do primeiro ao último minuto. Escaldem-se e profanem-se neste sarcófago em constante ebulição, e banhem-se no violento negrume que o assombra. Um dos meus registos favoritos do presente ano está aqui: na demoníaca combustão deflagrada por um álbum que aos meus ouvidos resvala nas fronteiras da perfeição.

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