sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Review: ⚡ Rafael Denardi - 'Adios, Rick' EP (2020) ⚡

Poucos meses depois de Rafael Denardi nos ter presenteado e alvoroçado com uma intensa dosagem de ardente, vistoso, ostentoso e empolgante Heavy Blues – brilhantemente lavrado e chamejado no seu fabuloso EP de estreia ‘Two Handfuls of Rock’ (nascido no início do presente ano, e aqui descrito e devidamente elogiado) – eis que este auspicioso, versátil e talentoso multi-instrumentista brasileiro redirecciona agora a sua bússola para os apaixonantes territórios de um elaborado, refrescante, deslumbrante e requintado Progressive Rock fielmente resgatado dos dourados anos 70 e aqui hoje espelhado com um (in)discreto cunho pessoal. Tal como a sua designação e respectivo artwork assim o sugerem, ‘Adios, Rick’ simboliza a sentida homenagem ao estimado e carismático baixo Rickenbacker 4003 que o autor natural da cidade de São Paulo entretanto vendera. Responsável pela condução de todos os instrumentos que o cultivam e pela criação da ilustração que o emoldura, Rafael Denardi tem neste seu novíssimo e segundo EP (gravado em sua casa durante o período de quarentena a que o vírus COVID-19 obrigou a humanidade) um registo que decerto merecerá a fascinada e entusiasmada aprovação de todos os devotos discípulos do clássico Prog Rock semeado e colhido no fértil solo setentista. Tendo o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 14 de Agosto através do exclusivo formato digital com o editorial carimbo autoral, ‘Adios, Rick’ é um sólido trabalho digno de conquistar a atenção das editoras discográficas fielmente dedicadas ao género em que o mesmo se insere, e consequentemente promove-lo em formato físico para gáudio de todos os seus ouvintes. Na génese de toda esta orgásmica simbiose instrumental, reina um fibrótico baixo de reverberação ondulada, viçosa, melodiosa e empolada, um glorioso órgão de frescas, esdrúxulas e principescas harmonias desdobradas a um imersivo erotismo, uma operante bateria de toque lustroso, acrobático, enfático e cuidadoso, e uma voz polida que deambula livre e graciosamente por todo este cabaret musicado. Sintonizado nas mesmas frequências de vultosas referências como Gentle Giant, Genesis, Atomic Rooster, Camel e Uriah Heep, este renovado rasgo de irretocável inspiração – inteiramente arquitectado e executado a uma só cabeça e duas mãos – causara e conservara em mim todo um intenso turbilhão de cegante sedução que me embriagara e arrebatara ao longo dos seus 18 minutos de extensão temporal. Este é um registo verdadeiramente magistral – oxigenado a um irresistível revivalismo que prontamente me hipnotizara e forçara a cair na sua tentação – e que apenas peca pela sua curta durabilidade. Depois de dois EP’s desiguais no que à tipologia sonora diz respeito (pois quanto à qualidade, o ponteiro continua a garantir altas rotações), resta saber com que género de surpresa sonora Rafael Denardi nos irá brindar na exploração do seu próximo trabalho. Isto, embora seja uma evidência de que muito dificilmente o mesmo não será do meu inteiro agrado e aqui seguidamente desmontado com recurso a sinceras palavras de apreço e devoção.

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