★★★★☆
Proveniente da cidade
de Odense (localizada na Dinamarca) chega-nos a enigmática liturgia emoldurada e adornada a (ir)reverência
ocultista superiormente celebrada pelo quarteto nórdico Hadron com o
lançamento do seu novo álbum designado de ‘Evil Lady’. Apresentado
na segunda metade do passado mês de Agosto sob a exclusiva forma digital
através da sua página de Bandcamp oficial – ainda que com a garantia de
um futuro lançamento em vinil agendado para o Inverno que se avizinha – esta
nova obra forjada pela formação escandinava vem lavrada, pincelada e ensombrada por um galopante,
luciférico, dramático e magnetizante Heavy Metal de estética tradicionalista,
e um imperioso, sombreado, encorpado e lutuoso Doom Metal de revivalismo
trazido dos dourados 70’s que nos horripilam o espírito, dilatam as
pupilas, empalidecem o semblante e profanam a religiosidade. A sua perturbadora
sonoridade de feições tenebrosas, densas, tensas e pecaminosas – pesadamente bafejada
a ressonâncias Candlemass’icas – tem o dom de prontamente nos
converter em seus devotos discípulos. Na génese de todo este nebuloso, soberano,
tirano e poderoso ritual está uma vampírica voz de compleição enregelada,
penetrante, melódica e avinagrada que sobrevoa os amaldiçoados trilhos desbravados
por uma guitarra pagã de Riffs chamejantes, majestosos, gordurosos e
intrigantes, obscurece na tóxica reverberação ronronada por um sinistro baixo conduzido
a linhas possantes, pulsantes e sólidas, e cavalga às costas de uma bateria
trovejante que – a trote de uma ritmicidade altiva, precisa e inflamante – tiquetaqueia
todo este monolítico, hediondo e apocalíptico negrume numa impactante e
triunfante galopada. São 44 minutos de um imperturbável, intenso e perdurável arrebatamento que nos embalsama membros e sentidos. Deixem-se ceifar, estremecer e enfeitiçar pelo reinante
esoterismo que reveste todo este ‘Evil Lady’, e testemunhem todo o
trevoso esplendor de um álbum integralmente oxigenado a purificante obscurantismo. Não vai
ser nada fácil quebrar o feitiço de Hadron e reaver a luzência
que nos fora soprada e desbotada por estes quatro monges de alma eclipsada.
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