Da cidade finlandesa de
Tampere chega-nos o deslumbrante sonho musicado pelo jovem e talentoso quinteto
Polymoon com o seu extraordinário álbum de estreia ‘Caterpillars
of Creation’ que fora hoje mesmo lançado através do influente selo
discográfico local Svart Records nos formatos físicos de CD e vinil.
Oxigenado por um onírico, viajante e catártico Space Rock gravitado pelo
exótico experimentalismo, um místico, fabular e ritualístico Progressive
Rock matizado a etéreo, brumoso e caleidoscópico psicadelismo, e
ainda um melancólico, ataráxico e vaporoso Shoegaze de propensão sideral,
este primeiro passo discográfico do muito promissor colectivo nórdico representa
toda uma épica digressão de percepção içada na direcção das mais longínquas e recônditas
fornalhas estelares que farolizam o negro oceano cósmico. Atrelados a uma
sonoridade verdadeiramente profética que nos balanceia da prostrada lisergia à embaciada
euforia, somos intrigados, convertidos e maravilhados pela litúrgica alquimia
de Polymoon. Com a tempestade e a bonança em admirável conciliação, ‘Caterpillars
of Creation’ convida-nos a mergulhar nas caóticas e labirínticas profundezas
de toda uma nebulosidade celestial. Inalada a sua mágica bruma, ingressamos num
perpétuo movimento pendular que nos passeia da nirvânica sonolência espiritual à
psicotrópica efervescência sensorial. Embalados na hipnótica vertigem que nos
escoa e atordoa pela enlouquecedora escadaria de um dominante vórtice, testemunhamos
o crescente desfoque da lucidez e a reinante ascensão da embriaguez. Na génese
desta colorida amálgama condimentada a sublimidade, estão duas guitarras
dialogantes que se manifestam em Riffs ensolarados, miríficos e embriagados,
de onde emergem uivantes, ácidos e serpenteantes solos, um baixo pulsante que
se adensa em linhas sombreadas, encaracoladas e magnetizantes, uma bateria jazzística
de toque preciso, lustroso e fogoso, um intrigante sintetizador de beleza
fabular que reveste toda a fantástica atmosfera do disco com um melódico ritual
de auscultação astral, e ainda uma messiânica voz de tonalidade espectral, diamantina
e angelical que – de forma compenetrada, leve e delicada – norteia e prazenteia
o ouvinte pelo universo encantado de Polymoon. Este é um disco mutuamente
meditativo e tempestivo, delicado e encrespado, garrido e esbatido, ardente e
gélido, intenso e lenitivo. Um álbum integralmente arquitectado e erigido a uma
esmerada simbiose instrumental que decerto não deixará ninguém recostado à
indiferença. Deixem-se encandear, embevecer e levitar pela utópica radiância
que banha todas as vastas planícies de ‘Caterpillars of Creation’
e vivenciem a irretocável majestosidade destilada de uma obra que estará
seguramente perfilada por entre as mais premiadas e elogiadas do ano. Quando
todos os instrumentos se remeterem ao desconfortável silêncio final, não será nada
fácil despertar deste febril estado de sonambulismo que nos administrara ao
longo de 40 minutos de duração e aceitar que a vivência do sonho terminara ali.
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