quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Review: ⚡ Arcadian Child - 'Protopsycho' (2020) ⚡

★★★★

Oriunda da mediterrânica cidade de Limassol (mapeada na ilha do Chipre) chega-nos a enfeitiçante alquimia sublimemente magicada e destilada pelo quarteto cipriota Arcadian Child que nos acaba de presentear e prazentear com o seu terceiro álbum. Baptizado de ‘Protopsycho’ e muito recentemente lançado nos formatos físicos de CD, cassete e vinil pela parceria discográfica que combina a californiana Ripple Music e a alemã Kozmik Artifactz, este seu novo trabalho de longa duração vem oxigenado e aromatizado por um edénico misticismo oriental de onde facilmente se reconhece e apalada um serpenteante, hipnótico, catártico e contagiante Neo-Psychedelic Rock de estética arábica e um ritualista, meditativo, imersivo e obscurantista Psychedelic Folk de paisagens bucólicas e feições pagãs. Compatibilizando o afrodisíaco exotismo de uns Ouzo Bazooka com a profecia desértica de uns All Them Witches e o magnetismo astral de uns King Buffalo, a fascinante sonoridade de ‘Protopsycho’ instaura em nós toda uma purificante religiosidade ancestral. Percorrendo as vielas da velha Pérsia ao volante de um esvoaçante tapete mágico, reconfortando a alma num revitalizante oásis mental, e caminhando de pés desnudos pelas douradas, mornas e aveludadas dunas de um arenoso oceano que se distende na vertiginosa direcção do Sol poente, somos convidados a ingressar num labiríntico caleidoscópio sensorial que tanto nos dissolve numa anestésica calmaria, como revolve numa incontida euforia. Na génese de toda esta etérea peregrinação aos mais ataráxicos territórios do nosso Cosmos interior, estão duas guitarras proféticas que se manifestam em Riffs aliciantes, sinuosos, luxuriosos e intoxicantes, e solos uivantes, alucinógenos, ácidos e ecoantes, um murmurante baixo de linhas sombreadas, viçosas e condensadas, uma bateria tribalista de timbalões galopantes e pratos flamejantes, e ainda uma voz de pele balsâmica, melódica e liderante. Percam-se e encontrem-se por entre a erótica misticidade destes quatro sultões de instrumentos empunhados, e experienciem um dos álbuns mais encantadores do ano. Comunguem-no sem moderação e com transbordante devoção.

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