quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Review: ⚡ Steinsopp - 'Luggeføre' (2020) ⚡

★★★★

Da Noruega chega-nos mais um poderoso soporífero magicado e nasalado pelos druidas Steinsopp. Designado de ‘Luggeføre’ e oficialmente lançado em meados do passado mês de Setembro na forma digital (com a possibilidade de download gratuito e a garantia de uma futura edição física em vinil) através da sua página de Bandcamp oficial, este novo álbum do ritualístico tridente escandinavo ostenta um pantanoso, alucinógeno e brumoso Heavy Psych de elevada toxicidade, dissolvido e obscurecido num arrastado, resinado e vigoroso Psych Doom de aroma fúngico. A sua sonoridade intensamente embriagada, morfínica, melancólica e sobrecarregada – tingida a esbatidas cores outonais e embaciada por uma enfeitiçante narcose – exorciza toda a lucidez dos ouvintes, amortalhando-os e embalando-os num febril estádio de temulento sonambulismo. Conseguem imaginar a combinação entre a imperiosa ressonância pesadamente bafejada pelos Sleep e a ociosa misantropia chorada pelos Dead Meadow? Se sim, alcançaram as turvas e lodacentas águas de Steinsopp. Gritados e ecoados do profundo epicentro de toda esta densa e tensa letargia, são entoados uma guitarra que se manifesta em épicos, oleosos e proféticos Riffs de onde esvoaçam solos delirantes, ácidos e uivantes, um possante baixo de linhas ensombradas, magnetizantes e pesadas, uma absorvente bateria compenetrada num galope pausado, explosivo e encorpado, um intrigante sintetizador que ausculta as lamúrias de um Cosmos solitário e bocejante, e uma voz avinagrada, fantasmagórica e siderada que sobrevoa a musguenta, nimbosa e fumarenta atmosfera orvalhada a esmorecida languidez. ‘Luggeføre’ é um registo tiquetaqueado em modo slow motion que nos entorpece, ofusca e enternece o espírito do primeiro ao derradeiro tema. São 38 minutos governados por uma violenta e poeirenta náusea que nos distorce a consciência. Deixem-se inundar nos funestos pântanos de Steinsopp e paralisar numa condição de doce prostração. Não vai ser nada fácil emergir e despertar desta intensa sonolência que nos petrificara todos os membros e sentidos.

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