Provenientes do município norueguês de Karmøy (localizado no condado de Rogaland) chegam-nos os ventos nórdicos irrepreensivelmente
musicados pelo hábil e opulento power-trio Ring Van Möbius. Intitulado de
‘The 3rd Majesty’ e lançado no último suspiro de Outubro pela mão
do selo discográfico local Apollon Records em formato físico de CD e
vinil, este segundo álbum da formação escandinava – que faz do passado, o seu
presente e (espero eu) futuro – vem oxigenado por um sinfónico, luxurioso,
vistoso e profético Progressive Rock de essência setentista e bússola
apontada a grandiosas referências do género tais como Emerson, Lake &
Palmer, King Crimson, Museo Rosenbach, Prof. Wolfff, Van der Graaf Generator, Atomic Rooster, Genesis e Gentle
Giant. Lavrada, colorida e ornamentada por audaciosas, principescas,
romanescas e virtuosas composições – largamente influenciadas pela música
erudita do período clássico e com um apurado polimento jazzístico – a epopeica
sonoridade de ‘The 3rd Majesty’ navega graciosa e imperiosamente pelos mares de uma dramática, enfática e triunfante atmosfera embrumada a um enigmático misticismo de vocação estelar. De semblante empalidecido, olhar petrificado e espírito embevecido somos
intensamente enfeitiçados pela desarmante, erótica e dialogante simbiose
instrumental de protagonismo devidamente repartido por um carismático órgão Hammond
de revitalizantes, esdrúxulos e esvoaçantes bailados, um reflexivo piano Fender Rhodes de poéticas, sonhadoras e bucólicas passeatas tingidas a uma beatitude primaveril, um mágico Mellotron
efervescido num experimentalismo exótico e aroma cósmico, um baixo murmurante
de reverberação magnética, errática e ondeante, uma bateria circense de
ritmicidade condimentada a acrobática destreza, e vocais frescos, harmoniosos e
burlescos que lideram com sedutora distinção todo este aparatoso cabaret.
São 48 minutos integralmente rendilhados a uma admirável excentricidade de
tonalidade mutuamente trevosa e angelical, sinuosas passagens, concepções
mitológicas e esperançosas paisagens. ‘The 3rd Majesty’ é uma
obra imensamente primorosa que decerto inundará de fascínio e entusiasmo todos
os autênticos apreciadores do clássico e seminal Progressive Rock
forjado, maturado e ostentado na dourada década de 1970. Estamos indubitavelmente na honrosa presença de um dos
mais caprichosos, egrégios e voluptuosos álbuns florescidos em 2020. Empoderem-se nele.
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