quinta-feira, 29 de julho de 2021
quarta-feira, 28 de julho de 2021
segunda-feira, 26 de julho de 2021
domingo, 25 de julho de 2021
sexta-feira, 23 de julho de 2021
quinta-feira, 22 de julho de 2021
quarta-feira, 21 de julho de 2021
Review: ⚡ Kvasir - '4' (2021) ⚡
Oriundo de Portland
(a maior cidade do estado do Oregon, nos EUA), o novo quarteto Kvasir
acaba de lançar o seu pujante álbum de estreia ‘4’ pela mão do selo
discográfico californiano Glory Or Death Records em formato físico de vinil.
De espadas desembainhadas e apontadas a um musculoso, lubrificado, desembaraçado e sinuoso Hard
Rock de tração setentista que se enrodilha num combativo, flamejante, vibrante e altivo Heavy Metal de cariz tradicionalista, estes quatro cavaleiros de
rédeas firmemente empunhadas e esporas ensanguentadas galopam a trote de uma
sonoridade titânica, flexível, melodiosa e dinâmica que não deixará nenhum dos ouvintes
recostado à indiferença. Oxigenado por uma atmosfera carregada, lavrado por uma
ocultista diabrura e incendiado por uma chamejante negrura, ‘4’ é
um álbum de contornos mastodônticos que comunga as águas onde foram batizadas
bandas como Black Sabbath, Thin Lizzy, The Sword, Danava
e Kadavar. De maxilares cerrados, olhar flamejado, cabeça rodopiante e
punhos ao alto, somos varridos, revolvidos e enfeitiçados pelas luciféricas danças
de duas guitarras siamesas que se agigantam em arrogantes, predatórios,
espadaúdos e triunfantes Riffs de onde esvoaçam solos grandiosos, escorregadios,
fugidios e virtuosos, pelo tenso bafejo nasalado por um monolítico baixo de
linhas rochosas, obesas, coesas e poderosas, pela infernal explosividade detonada
por uma fulminante bateria escoiçada a alta rotação, e ainda pela intrigante e
refrescante acidez de uma voz cadavérica, avinagrada, gélida e profética que lidera
com expressivo carisma toda esta exterminadora cavalaria pesada. São 45 minutos
fervidos em intensa combustão que nos deixa num firme estádio de estonteante
empolgamento e efervescente comoção. Deixem-se atropelar e rebelar pela
ciclónica dosagem de endorfinas transudadas pelos Kvasir, e sintam todos
os vossos sentidos girar e borbulhar numa enlouquecedora e prazerosa centrifugação. ‘4’
é um registo imensamente provocante, jupiteriano e viciante que se junta à ilustre turma das melhores estreias de 2021. Inflamem-se e empoderem-se nele.
Links:
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➥ Glory or Death records
terça-feira, 20 de julho de 2021
segunda-feira, 19 de julho de 2021
domingo, 18 de julho de 2021
sábado, 17 de julho de 2021
sexta-feira, 16 de julho de 2021
quinta-feira, 15 de julho de 2021
Review: ⚡ Vulebard - 'La Tinta de los Males' (2021) ⚡
Da cidade de Quilmes
– localizada na província da capital Buenos ires – chega-nos o impossível
álbum de estreia do talentoso quinteto argentino Vulebard. Denominado ‘La
Tinta de los Males’ e oficialmente lançado no início do presente ano
sob a exclusiva forma digital, esta imponente, ostentosa e eloquente obra-prima
musical combina um dramático, erudito e enfático Prog Rock de estilo
clássico com um charmoso, lascivo e fogoso Blues Rock de gravata
apertada, e ainda um cerebral, inventivo e experimental Jazz Rock em
entusiástica combustão. Governado por ousadas, ricas e aprumadas composições
que se principiam com perfumados, cinematográficos e arejados prelúdios de
clima fabular, crescem numa labiríntica, afrodisíaca e fascinante teia sonora que
depressa captura e mumifica toda a nossa atenção, e culminam numa orgiástica,
enlouquecedora e selvática explosão de instrumentos em aparatosa colisão, ‘La
Tinta de los Males’ é um álbum verdadeiramente divinal que me maravilhara
do primeiro ao derradeiro tema. São 48 minutos lavrados a desarmante maestria e
oxigenados a uma irresistível atmosfera cabaresca que nos meneia a cabeça,
descortina o sorriso, e instala no nosso olhar uma inapagável expressão
sonhadora. Alternando entre amorosas, bonanceiras e cheirosas baladas que se
espraiam relaxadamente, e portentosas, pitorescas e gloriosas galopadas de
esporas ensanguentadas, este primeiro trabalho de longa duração de Vulebard
tem o raro dom de nos enfeitiçar, embevecer e atiçar num ciclónico crescendo de
emoções transbordadas. Na génese de toda esta orquestra superiormente norteada estão
duas distintas guitarras de formosos, imperiosos e flamejantes Riffs de onde
esvoaçam uivantes, vivazes e ziguezagueantes solos, um magnético baixo de
bafejos cálidos, inchados e ondeantes, uma radiosa voz de pele simpática,
melódica e jovial, um místico sintetizador de mugidos cósmicos, empoderados e claustrofóbicos,
um piano, Rhodes e Hammond de bailados harmoniosos, faustosos e carismáticos,
um educado saxofone noir de sopros aveludados, melancólicos e gritados,
e uma bateria soberbamente circense – de percussão acrobática, imaginativa e jazzística
– que reclama para si mesma todo o protagonismo no momento em que se aventura
na laboriosa concepção de um espalhafatoso, prodigioso e triunfante solo. ‘La
Tinta de los Males’ é um incrível registo de contornos épicos que me
deixara boquiaberto e de ouvidos salivantes ao longo de todo o seu corpo temporal.
Um álbum de simetria escultural, de destreza irretocável e beleza inolvidável,
que conquistara a tão invejada perfeição. Um dos trabalhos mais impactantes e caprichosos de
2021 está aqui, na virtuosa sagacidade destes argentinos. Comunguem-no sem moderação e com vibrante devoção.
quarta-feira, 14 de julho de 2021
terça-feira, 13 de julho de 2021
segunda-feira, 12 de julho de 2021
Review: ⚡ Possum - 'Lunar Gardens' (2021) ⚡
Da cidade de Toronto
(capital da província de Ontário) chega-nos o segundo e novíssimo álbum
do engenhoso colectivo canadense Possum. Intitulado de ‘Lunar
Gardens’ e exteriorizado numa irresistível edição em formato físico de vinil pela mão da modesta
discográfica local Idée Fixe Records, este delicioso registo de Possum
respira e transpira toda uma aliciante profusão de desiguais géneros musicais. Neste
labiríntico, colorido e camaleónico novelo musical que se vai desfiando de
forma fluída e inventiva, é-nos possível identificar e degustar um tribal, caleidoscópico,
exótico e tropical Psychedelic Rock de acidez sessentista, um ritmado,
espirituoso, aventuroso e aprumado Jazz-Rock de solavancos Funky,
um magnetizante, edénico, estético e contagiante Krautrock tricotado a
texturas Drone’scas, e ainda um tranquilizante, cósmico,
melódico e edificante Progressive Rock de roupagem vintage. Toda
uma vistosa e apetitosa iguaria gourmet que combina o frutado
tropicalismo do virtuoso Herbie Hancock (na sua fase ‘Head Hunters’),
com a aristocrática fineza dos carismáticos The Doors, a espalhafatosa
alquimia dos britânicos Soft Machine, a sublimidade fabular dos
clássicos Camel, e ainda a epidémica ritmicidade dos contemporâneos
australianos King Gizzard & the Lizard Wizard. De pálpebras seladas,
lábios salivados e narinas dilatadas deixem-se absorver, descontrair e
embevecer nesta embriagante monção de aromas em alucinante dispersão. ‘Lunar
Gardens’ é um registo que nos galanteia, prazenteia e surpreende a cada
tema que se descortina. Na corrente sanguínea deste melífluo cocktail de
clima veraneio surfam duas guitarras sumarentas que se cruzam na canalização de
Riffs dançantes, xamânicos, ritualísticos e deslumbrantes, e descruzam
na sinuosa condução de solos intoxicantes, elásticos, ácidos e ziguezagueantes,
palpita um baixo groovy de linhas flutuantes, encaracoladas, amaciadas e
hipnotizantes, bombeia uma bateria jazzística de toque inventivo,
lépido, polido e expressivo, vagueia um teclado aquoso de teclas saltitantes e
melodias refrescantes, e capitaneia uma voz seráfica de tez lustrosa, jovial, fidalgal
e sumptuosa. ‘Lunar Gardens’ é uma carnavalesca efervescência de colorações
inchadas e fragrâncias borbulhadas. Um álbum de contornos paradisíacos que nos inunda
de brilho festivo e sufoca com a sua cremosa doçura. Permitam-se enfeitiçar
pelo tribalismo cerimonial de Possum, e percam-se por entre os seus frondosos,
alvacentos e airosos jardins lunares. Um dos meus álbuns predilectos de 2021
está aqui, no excêntrico samba de ‘Lunar Gardens’. Ofusquem-se
nele.
Links:
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➥ Idée Fixe Records