sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Review: ⚡ Electric Moon meets Talea Jacta - 'Sabotar' (2021) ⚡

★★★★

Quis o destino que o trio germânico Electric Moon e o duo português Talea Jacta se encontrassem e partilhassem o mesmo palco do saudoso Sabotage Club (emblemático espaço cultural situado na cidade de Lisboa que infelizmente não sobrevivera ao duradouro confinamento imposto pela pandemia) no já distante verão de 2019, e daí nasceu esta intuitiva, absorvente e criativa Jam session conjunta chamada ‘Sabotar’. Lançado hoje mesmo pela mão do insuspeito selo discográfico alemão Sulatron Records (casa-mãe de Electric Moon) nos formatos físicos de CD e vinil (ambos limitados à prensagem de apenas 500 cópias disponíveis) esta ousada, mas bem-sucedida, parceria Electric Moon meets Talea Jacta tece uma labiríntica, ritualística, mística e elaborada teia sonora onde coabitam e dialogam um intrigante, hipnótico, cósmico e enfeitiçante Neo-Krautrock com vista para as estrelas, e um deslumbrante, caleidoscópico, tóxico e atordoante Neo-Psychedelic Rock que nos escancara as portas da percepção. Climatizado ainda por um exótico experimentalismo sem complexos que o inibam ou fronteiras que o espartilhem, ‘Sabotar’ vem compartimentado em três arejadas, longas e viajadas Jam’s de índole instrumental que desatam o Ego do ouvinte e o arremessam para as abissais profundezas do negrume celestial. São 42 minutos de uma texturizada, alcoolizada e inescapável narcose que nos dilata as pupilas, empalidece o semblante, e naufraga o espírito na incomensurável obscuridade cósmica. Como composição desta nebulosa, lisérgica e misteriosa alquimia musical perfilam-se duas guitarras xamânicas – soterradas na espessa bruma de toda uma profusão de esquizofrénicos efeitos – que se entrelaçam na edificação de uma enlouquecedora escadaria de Riffs em forma de espiral, e desenlaçam e atropelam na emancipação de efervescentes, ácidos, delirados e uivantes solos que nos rasgam as vestes da lucidez, um baixo soberbamente Krauty – de linhas vagueantes, inchadas, encaracoladas e oscilantes – que anoitece toda esta atmosfera onírica, e duas baterias siamesas que embaladas e compenetradas num trautear incessante, cativante e tribalista fazem pulsar todos os solitários astros sepultados no trevoso solo do Cosmos bocejante. O estético artwork de essência mitológica aponta os seus créditos autorais à ilustradora Komet Lulu (a própria baixista de Electric Moon). Imóveis, boquiabertos e de almas aturdidas, experienciem todo este exorcismo planetário superiormente liderado pela fusão destas duas bandas que falam o idioma das estrelas. Não vai ser nada fácil – ou sequer desejado – despertar deste sonho acordado.

Links:
 Electric Moon (FB)
 Talea Jacta (FB)
 Sulatron Records
 Youtube

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