quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Review: ⚡ It was the Elf - 'Ancestors' (2021) ⚡

★★★★

Com o lançamento oficial do novo álbum ‘Ancestors’ calendarizado para o dia de amanhã – 25 de Novembro – pela mão da influente editora discográfica portuguesa Raging Planet nos formatos digital e CD (este último limitado a 300 cópias), os serranos It was the Elf – localizados na cidade de Gouveia (distrito da Guarda) – dão assim mais um firme passo em frente na triunfante caminhada pela sua afirmação dentro do panorama musical nacional. Norteado por uma evocação e devoção ancestrais, este quarteto beirão traja um trevoso, enérgico, colérico e fibroso Heavy Rock em simbiótica parceria com um fogoso, carismático, enfático e montanhoso Grunge Rock resgatado aos saudosos anos 90. De rédeas empunhadas, maxilares cerrados, olhar incendiado e esporas ensanguentadas, a estrondosa sonoridade de ‘Ancestors’ é carburada e troteada por uma impiedosa cavalaria pesada que ocasionalmente descontrai nos orvalhados, meditativos, lenitivos e embrumados campos de um plácido, etéreo e embriagado Psychedelic Rock. Para lá do lustroso tilintar dos chocalhos que sonoriza a pastorícia, do latir dos cães que fere o bucólico e imersivo silêncio rural, e do harmonioso chilrear dos pássaros que anuncia a tímida madrugada de um novo dia na serra, adensa-se e agiganta-se todo um monolítico tsunami de crepitante distorção nas cordas troantes, tambores tribais e vocais guturais de It was the Elf. Deixem-se encarvoar nas negras lavaredas que afogueiam ‘Ancestors’, e vibrem à sísmica deflagração de uma guitarra erosiva que vocifera musculosos, apimentados, encrespados e imperiosos Riffs e vomita solos serpenteantes, ácidos, fosforescentes e delirantes, um baixo obeso de intumescida, tensa, espessa e sombreada reverberação, uma intensa, agressiva e incisiva bateria de baquetas em chamas, e uma voz felina que – pendulando entre escarpados, rouquenhos e melódicos rugidos, e tonalidades cristalinas, delicadas e espaciais – ressoa e ecoa por todas as atmosferas deste álbum. São 50 minutos atestados de acentuados contrastes climatéricos, onde coabitam a glacial letargia e a vulcânica euforia. Subam até ao cume desta alterosa serra e avistem todo o esplendor, domínio e vigor de um dos melhores registos portugueses do ano.

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