sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Review: ⚡ Snake Mountain Revival - 'Everything in Sight' (2021) ⚡

★★★★

Depois de dois pequenos – mas muito auspiciosos e largamente elogiados – passos discográficos (os EPs ‘Snake Mountain Revival’ de 2018 e The Valley of Madness' de 2019), este apaixonante power-trio localizado na cidade costeira de Virginia Beach (Virgínia, EUA) lança agora o seu muito ansiado primeiro registo de longa duração ‘Everything in Sight’ pela mão da parceria discográfica Ripple Music / Rebel Waves Records nos formatos digital, CD e vinil. Farolizado e oxigenado por um caleidoscópico, nebuloso, lustroso e quimérico Psychedelic Rock a fazer recordar All Them Witches, The Flying Eyes e King Buffalo, um onírico, hipnótico, xamânico e deslumbrante Krautrock de pálido tempero cósmico, e ainda um dançante, desértico, estético e contagiante Surf Rock de serpenteio Dick Dale’sco e clima Spaghetti Western que fará salivar o cineasta Quentin Tarantino, este paradisíaco álbum de estreia do trio Snake Mountain Revival aprisionara-me num inamovível estádio de nirvânica narcose, aspergida por um torpor idílico e revolvida por uma prazerosa náusea. A sua sonoridade sonhadora, mística e regeneradora – mergulhada no fantasmagórico efeito Reverb – desmaia as nossas pálpebras sobre um olhar distante, descortina um genuíno sorriso, massaja o cerebelo, embacia a lucidez e embala-nos numa sonâmbula vertigem em slow-motion de membros paralisados e sentidos embriagados. Baloicem pesadamente os vossos corpos temulentos neste delirante jogo de espelhos à purificante boleia de uma guitarra alucinógena que se passeia em enigmáticos, cativantes, atordoantes e seráficos Riffs de onde esperneiam solos uivantes, venenosos, vistosos e penetrantes, um baixo ronronante de linhas encaracoladas, fluídas, movediças e pulsantes, uma bateria tribalista de galope envolvente, estimulante, ritmado e eloquente, e ainda uma voz libidinosa, mélica, sidérica e charmosa – de lirismo poético e profético – que ressoa por todo este açucarado, mágico e sublimado sonho musicado. São 44 minutos de dormência sensorial e afago espiritual que nos deambulam pelas esbatidas, vaporosas e embevecidas paisagens sonoras de ‘Everything in Sight’. O esdrúxulo artwork de características surrealistas aponta os seus créditos autorais ao pintor russo Stanislov Pobytov. Este é indubitavelmente um dos meus álbuns favoritos do ano. Um disco cozinhado a apurada subtileza, afrodisíaco requinte e imaculada beleza, que tão bem combina a odorosa delicadeza com a fogosa rudeza. Dissolvam-se nesta brumosa alquimia de ofuscação balsâmica e imersão ritualista de pleno encanto sem fim à vista.

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