Depois de dois
pequenos – mas muito auspiciosos e largamente elogiados – passos discográficos
(os EPs ‘Snake Mountain Revival’ de 2018 e ‘The Valley of
Madness' de 2019), este apaixonante power-trio localizado na
cidade costeira de Virginia Beach (Virgínia, EUA) lança
agora o seu muito ansiado primeiro registo de longa duração ‘Everything in Sight’
pela mão da parceria discográfica Ripple Music / Rebel Waves Records
nos formatos digital, CD e vinil. Farolizado e oxigenado por um caleidoscópico, nebuloso,
lustroso e quimérico Psychedelic Rock a fazer recordar All Them
Witches, The Flying Eyes e King Buffalo, um onírico,
hipnótico, xamânico e deslumbrante Krautrock de pálido tempero cósmico, e
ainda um dançante, desértico, estético e contagiante Surf Rock de serpenteio
Dick Dale’sco e clima Spaghetti Western que fará salivar o cineasta Quentin Tarantino, este paradisíaco álbum de estreia
do trio Snake Mountain Revival aprisionara-me num inamovível estádio de
nirvânica narcose, aspergida por um torpor idílico e revolvida por uma prazerosa
náusea. A sua sonoridade sonhadora, mística e regeneradora – mergulhada no
fantasmagórico efeito Reverb – desmaia as nossas pálpebras sobre um
olhar distante, descortina um genuíno sorriso, massaja o cerebelo, embacia a
lucidez e embala-nos numa sonâmbula vertigem em slow-motion de membros
paralisados e sentidos embriagados. Baloicem pesadamente os vossos corpos
temulentos neste delirante jogo de espelhos à purificante boleia de uma
guitarra alucinógena que se passeia em enigmáticos, cativantes, atordoantes e
seráficos Riffs de onde esperneiam solos uivantes, venenosos, vistosos e
penetrantes, um baixo ronronante de linhas encaracoladas, fluídas, movediças e
pulsantes, uma bateria tribalista de galope envolvente, estimulante, ritmado e
eloquente, e ainda uma voz libidinosa, mélica, sidérica e charmosa – de lirismo
poético e profético – que ressoa por todo este açucarado, mágico e sublimado
sonho musicado. São 44 minutos de dormência sensorial e afago espiritual que
nos deambulam pelas esbatidas, vaporosas e embevecidas paisagens sonoras de ‘Everything
in Sight’. O esdrúxulo artwork de características surrealistas
aponta os seus créditos autorais ao pintor russo Stanislov Pobytov. Este
é indubitavelmente um dos meus álbuns favoritos do ano. Um disco cozinhado a apurada
subtileza, afrodisíaco requinte e imaculada beleza, que tão bem combina a
odorosa delicadeza com a fogosa rudeza. Dissolvam-se nesta brumosa alquimia de
ofuscação balsâmica e imersão ritualista de pleno encanto sem fim à vista.
Links:
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➥ Ripple Music
➥ Rebel Waves Records
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