quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Review: ⚡ Altareth - 'Blood' (2021) ⚡

★★★★

Da gélida e húmida cidade de Gotemburgo (situada no sul da Suécia) chega-nos o impactante álbum de estreia do auspicioso quinteto nórdico Altareth. Lançado nos primeiros ares do passado mês de Novembro pela mão da Magnetic Eye Records sob os formatos digital, CD e vinil, ‘Blood’ ostenta toda uma imersiva, obscura, altiva e bafienta cerimónia de adoração pagã, liderada por um trevoso, intrigante, arrogante e imperioso Proto-Doom de sacerdotais vestes Black Sabbath’icas e geometrias Pentagram'icas, e um intoxicante, brumoso, lodoso e inflamante Psychedelic Doom cozinhado com os mesmos condimentos de bandas como Windhand, Uncle Acid & the Deadbeats e Green Lung. A sua sonoridade cáustica, pantanosa, umbrosa e ocultista – que edifica no nosso imaginário desoladoras paisagens climatizadas a perniciosa misantropia e pinceladas a esbatida melancolia – profana a alma do ouvinte e sepulta-a no negro solo do lado eclipsado da religiosidade. De pálpebras seladas, tronco pesadamente baloiçado e pálido rosto tombado sobre o peito, somos capturados, enlutados e embalados numa fumarenta, demoníaca, ritualística e bolorenta narcose chefiada por duas guitarras luciféricas que se agigantam na ascensão de tenebrosos, magnéticos, tétricos e gordurosos Riffs fervidos no urticante, sujo e chamejante efeito Fuzz, e uivam lustrosos, fecundantes, trepidantes e tortuosos solos de brancura ofuscante, um baixo arrastadamente bafejante de ressonância obesa, enegrecida, coesa e possante, uma bateria trovejante que – com batidas incisivas, vigorosas, rumorosas e explosivas – relampeja todo este massivo negrume, e uma vampírica, avinagrada, enregelada e cadavérica voz – de atormentadas feições Ozzy Osbourne’scas – que esvoaça e ecoa por toda a atmosfera amaldiçoada de ‘Blood’. São 45 minutos inundados de uma mefistofélica liturgia que nos faz cair nos abismos da sua infernal tentação e comungar este sangrento cálice de Altareth. Um dos álbuns mais prepotentes do ano está aqui, no acrimonioso obscurantismo exalado pelo colectivo sueco. Percam-se e poluam-se nas suas intermináveis trevas.

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