segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Review: ⚡ Smooth Motion - 'Boogie Inside' (2021) ⚡

★★★★

Da cidade de Rennes (Bretanha, França) chega-nos o perfumado, colorido e ritmado revivalismo musical farolizado pelo talentoso quarteto Smooth Motion que nos presenteia e prazenteia com o seu novíssimo álbum intitulado ‘Boogie Inside’ e lançado sob a forma digital e CD. Orientada por um vistoso, dançante, empolgante e pomposo Progressive Rock de balanço Boogie, corante Bluesy e evocação setentista, a sonoridade festiva, altiva e afrodisíaca desta erudita turma francesa passeia-se e galanteia-se de forma charmosa, livre e ostentosa pelos oito temas que preenchem os seus 37 minutos de duração. De corpo serpenteante, cabeça rodopiante e embalados neste excitante swing de cores vibrantes, ritmos provocantes e visões caleidoscópicas, somos embriagados e naufragados pela tentadora, redentora e extasiante fragância de Smooth Motion. Toda uma exótica, burlesca, feérica e carnavalesca ambiência – ensolarada a diluviano, imersivo e neptuniano psicadelismo à boa moda dos irreverentes 60’s – que nos gravita, incendeia e agita num perfeito estádio de acalorado regozijo. De inspiração resgatada a carismáticas referências do género, tais como Deep Purple, Atomic Rooster ou Genesis, e contando com um vincado cunho pessoal, a majestosa, bem-disposta e gloriosa sonoridade de ‘Boogie Inside’ é lavrada por um cremoso e deslumbrante teclado de ziguezagueantes, harmoniosos, airosos e exuberantes bailados, uma guitarra prismática e alucinógena de solos sinuosos, intoxicantes, extravagantes e esplendorosos, um baixo elástico de linhas magnetizantes, encaracoladas, tonificadas e pulsantes, uma bateria soberbamente jazzística de circenses acrobacias pelos timbalões galopantes e pratos chamejantes, e ainda uma voz pitoresca e liderante – de tonalidade aristocrática, dramática e avinagrada – que se impõe com ácida virilidade neste expressivo bacanal instrumental. Deixem-se ofuscar pelo intenso brilho revivalista de Smooth Motion e comunguem com imoderado entusiasmo este LSD auditivo de regeneração sensorial, dilatação consciencial e consagração espiritual. Este é um registo tremendamente viciante, estético e vivificante. Um dos meus álbuns favoritos de 2021 está aqui, na espirituosa, faustosa e contagiante folia de ‘Boogie Inside’. Dancem-no até perderem o fôlego e desfalecerem num súbito desmaio de prazer.

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