quinta-feira, 12 de maio de 2022

Review: ⚜️ The Bateleurs - 'The Sun In The Tenth House' (2022) ⚜️

★★★★

Da cidade-capital portuguesa de Lisboa chega-nos a odorosa, vibrante e esplendorosa elegância desabrochada pelo muito aguardado álbum de estreia do quarteto The Bateleurs. Intitulado ‘The Sun In The Tenth House’ e lançado hoje mesmo através do selo discográfico espanhol Milanamúsica Records nos formatos digital e CD, este primeiro trabalho de longa duração da banda lisboeta desprende um melódico, enérgico, fascinante e afrodisíaco Blues Rock de mãos dadas a um chamejante, fibroso, ostentoso e empolgante Classic Rock banhado a ouro setentista. Contando ainda com coloridos laivos de um serpenteante, estruturado, aprumado e provocante Progressive Rock de doce perfume revivalista – aliado a um enleante, festivo, emotivo e contagiante Soul – a texturizada, charmosa e apimentada sonoridade de The Bateleurs aponta a mira a clássicas referências como Led Zeppelin, Deep Purple, Janis Joplin e Ike & Tina Turner, bem como desfila lado a lado com outras da contemporaneidade como Rival Sons, Blues Pills, Siena Root, Heavy Feather e The Mothercrow. Um fluído pêndulo que ricocheteia entre fogosas cavalgadas desbravadas à rédea solta e harmoniosas baladas polvilhadas a mélica e açucarada ternura. Na lista de ingredientes que compõem este irresistível glamour de moldura citadina e brilho cabaresco, perfilam-se uma formosa guitarra de sotaque Jimmy Page’esco que se envaidece na hábil condução de voluptuosos, oleosos, carismáticos e majestosos Riffs, e enlouquece na libertação de extravagantes, orgiásticos, bombásticos e rodopiantes solos, um baixo groovy reverberado a linhas elásticas, ondulantes, palpitantes e hipnóticas, um maravilhoso teclado Jon Lord’esco de pomposos, frescos, principescos e aquosos bailados, uma circense bateria de vistosas acrobacias, executadas a inventiva, excitante e expressiva maestria, e uma voz impactante, encorpada e liderante – de pele hidratada, radiosa, felina e aveludada, e um longo alcance megafónico – que capitaneia com emocionante destreza e triunfante beleza toda esta caprichada obra. De estender ainda elogiosas palavras pelo místico artwork, que aponta os seus créditos autorais aos ilustradores russos Rotten Fantom. Este é um álbum recheado de um libidinoso requinte que nos faz cair na sua tentação. Um registo luxuoso que se passeia gloriosamente entre a rudeza e a delicadeza, a euforia e a letargia, o aristocrático e o selvático. Revolvam-se e consomam-se prazerosamente nas intensas lavaredas rugidas pelos The Bateleurs, e vivenciem com imoderada exaltação todo o dourado fulgor de um dos mais fortes candidatos a melhor álbum português do ano. 

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