Com o
epicentro localizado na cidade de Jonestown (Texas, EUA), chegam-nos
as densas, tensas e trevosas ressonâncias detonadas pela impiedosa estreia da
recém-formada banda Peth. Designado ‘Merchant Of Death’ e
lançado hoje mesmo através da companhia discográfica italiana Electric Valley
Records nos formatos LP e digital, este primeiro álbum do jovem quarteto
texano vem encarvoado, consumido e demonizado por um montanhoso, ocultista,
ritualista e fogoso Proto-Doom de arrepiantes ecos Black Sabbath’icos,
Pentagram’icos e Wicked Lady’eanos, um excitante,
venenoso, furioso e atordoante Heavy Psych locomovido e efervescido à boa
moda de Sweat Lodge, Petyr e Ball, e ainda um elaborado, arenoso,
lustroso e oleado Hard Rock de indiscreta evocação setentista que
aponta influências a Wishbone Ash, ZZ Top e White Dog. A
sua sonoridade electrizante, enfeitiçante, perversa e intoxicante – distorcida a
um crepitante, vulcânico e faiscante Fuzz – sobrevoa, num bater
de asa buliçoso e com olhar inquisidor, os oito temas que compõem o disco. São
40 minutos motorizados por um intenso e vibrante deslumbramento luciférico que
prontamente nos converte em seus devotos discípulos. Mumificados e aprisionados
num sarcófago, somos arremessados para o abismo do lado eclipsado da religiosidade
e ceifados pelas fantasmagóricas diabruras de duas guitarras Iommi’escas
e siamesas que se agigantam em rochosos, mastodônticos, espadaúdos e umbrosos Riffs
de onde são desaguados e centrifugados solos ácidos, ziguezagueantes,
trepidantes e alucinados, pelo ardente e palpável bafo de um fibroso baixo bombeado
a linhas pujantes, coesas, magnéticas e serpenteantes, pelo incansável galope
de uma fogosa bateria açoitada a um ritmo incessante, desembaraçado, desenfreado e empolgante,
e ainda pelos intrigantes vocais Ozzy’escos que se
bifurcam em tonalidades azedas, vampíricas e esbranquiçadas e outras bolorentas,
cadavéricas e urticantes. De destacar ainda a inesperada presença de uma versão
cover da inquietante “Run the Night” (originária dos clássicos
britânicos Wicked Lady) superiormente interpretada pela turma texana. É
à sombra do hieróglifo egípcio Ankh que estes mercantilistas da morte
hasteiam toda uma sísmica, selvática e litúrgica magia negra de preces encaminhadas
para as divindades pagãs. De empoeiradas texanas calçadas, chapéus de aba larga poisados nas cabeças baloiçantes
e cervejas Lone Star ao alto, juntem-se ao exorcizante ritual de Peth.
Um dos meus álbuns favoritos do ano está aqui, na fervilhante, virulenta e provocante
fuligem de ‘Merchant of Death’. Revolvam-se e profanem-se nele.
Links:
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➥ Electric Valley Records
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