segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Review: 🪐 КОМВУИАТ ЯОВОТЯОИ - 'Dickfehler Studio Treffen 2' (2022) 🪐

★★★★

Dois anos após o lançamento da primeira parte da sublimada e exploratória jam-session intitulada ‘Dickfehler Studio Treffen’ (aqui vivamente experienciada e textualmente narrada), eis que os cosmonautas germânicos de instrumentos empunhados Kombynat Robotron disponibilizam agora o tão aguardado segundo capítulo desta fantástica odisseia. Lançado nos formatos digital e LP pela mão da fértil discográfica britânica Drone Rock Records, este fascinante registo de essência instrumental – o vigésimo do quarteto sediado na cidade de Kiel em apenas quatro anos de inesgotável criatividade e imparável produção discográfica – gravita em órbita de um magnético, esponjoso e morfínico Krautrock de propulsão astral – aliado a um intoxicante, balsâmico e delirante Psychedelic Rock de absorvente textura Drone’sca, e um deslumbrante, etéreo e viajante Space Rock com vista panorâmica para as estrelas. Irrigada por generosas doses de um alienígena e refrescante experimentalismo que se manifesta de forma livre, sem fronteiras que o espartilhem, a apaziguante, embrumada e narcotizante sonoridade de ‘Dickfehler Studio Treffen 2’ desenraíza o ouvinte da gravidade terrestre e embala-o numa adorável, inescapável e transcendente hipnose pela desmesurada vacuidade de um Cosmos sonolento. De pálpebras seladas, narinas dilatadas, cabeça entorpecida e pesadamente baloiçada de ombro a ombro, e espírito profundamente enfeitiçado, vagueamos e naufragamos prazerosamente na eterna vertigem de Kombynat Robotron sem garantias de um regresso ao ponto de partida. Capturados e relaxados pela lisérgica sedução que as suas intuitivas, ácidas e evolutivas jams exalam, embalamos numa ataráxica levitação – reproduzida em slow-motion – de encontro ao tão almejado transe espiritual. Na composição deste poderoso opiáceo estão duas guitarras embriagadas que se envolvem e revolvem num flirt de obcecantes, libidinosos e contagiosos acordes de onde são destilados solos mirabolantes, frígidos e ecoantes, um baixo liderante – balanceado a linhas pulsantes, hipnóticas e ondeantes – que soletra repetida e incansavelmente todas as sílabas do riff-base, e uma bateria minimal – tiquetaqueada a uma repetitiva precisão robótica – que pauta toda esta entontecida narcose com o inflexível rigor de um relógio suíço. São 44 minutos – compartimentados em quatro longas faixas – dissolvidos na abissal intimidade de um sono profundo que nos massaja o cerebelo e estaciona num inamovível estádio de transe. Não vai ser nada fácil – ou sequer desejado – despertar disto.

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