quarta-feira, 26 de abril de 2023

Review: 🚀 Hazeshuttle - 'Hazeshuttle' (2023) 🚀

★★★★

Da cidade sulista de Ingolstadt (Baviera, Alemanha) chega-nos o alucinógeno e viajante álbum de estreia do jovem power-trio locomovido a querosene Hazeshuttle. Lançado numa edição autoral através dos formatos CD e digital, este homónimo álbum do tridente germânico vem embrumado por um efervescente, ritualístico, místico e deslumbrante Heavy Psych – de exuberante caligrafia árabe e ocasionais mergulhos nas encarvoadas trevas de um morfínico, vagaroso, resinoso e despótico Psychedelic Doom –, e oxigenado por um arejado, mântrico, messiânico e relaxado Space Rock de clima meditativo e com vista panorâmica para as incandescentes fornalhas estelares. Alicerçada em invasivas, ácidas, embriagadas e evolutivas jams de essência puramente instrumental, a explorativa sonoridade de Hazeshuttle remete-nos para as atmosferas siderais de bandas como Monkey3, The Re-Stoned e Yuri Gagarin. Engolidos pelo Cosmos, farolizados pelos coloridos corais celestiais e embalados na hipnótica vertigem, driblamos o abraço gravitacional dos solitários astros que se vão desenterrando no negro solo cósmico, penetramos o fumarento tecido de fantasmagóricas nebulosas que vagueiam livremente pela vacuidade espacial e desaguamos nos exóticos territórios alienígenas. Por entre a narcótica lisergia e a vulcânica euforia, naufragamos nas profundezas oceânicas de ‘Hazeshuttle’ à estonteante, profética e apaixonante boleia de uma guitarra sultana que se meneia de forma imensamente sedutora – e incendeia na borbulhante, estaladiça e urticante distorção Fuzz –, na condução de caravânicos, reflexivos, etéreos e cinematográficos riffs de onde serpenteiam psicotrópicos, luzidios, escorregadios e caleidoscópicos solos, de um baixo fibroso que se envaidece numa quente, texturizada, sombreada e ondeante reverberação, e de uma estimulante bateria vergastada a uma ritmicidade explosiva, cintilante, altiva e flamejante. São 48 minutos de uma imersiva narcose transcendental que tanto nos faz velejar as pacíficas e terapêuticas águas da ataráxica introspecção, como surfar a crista de um monolítico e demolidor tsunami que tudo persegue e consome. Apertem bem os cintos, respirem pausada e profundamente, rebaixem as pálpebras e embarquem nesta fantástica odisseia pelo inexplorado universo de Hazeshuttle.

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