Cinco anos
volvidos após o lançamento do seu álbum de estreia ‘1971’, o quarteto
francês Fuzzy Grass está finalmente de regresso com o seu muito
aguardado sucessor. Gravado de forma analógica, denominado ‘The Revenge of the Blue Nut’ e exteriorizado
sob as formas de LP (pela mão da companhia discográfica berlinesa Kozmik
Artifactz), CD (numa edição de autor) e digital, este novo álbum da banda
enraizada na cidade sulista de Toulouse enfeitiça e inflama o ouvinte
com uma electrizante descarga de elegante, fogoso e picante Heavy Blues,
e intoxicante, ciclónico e alucinante Heavy Psych. A sua sonoridade condimentada,
odorosa e inquietante – envelhecida a um amarelecido tom vintage – passeia-se e galanteia-se
por entre misteriosas, caramelizadas, sedutoras e sumptuosas baladas Led
Zeppelin’escas fervidas em lume brando, e estonteantes, selváticas, buliçosas
e extravagantes galopadas trauteadas a alta rotação que nos
atropelam a lucidez e sobreaquecem de embriaguez. Partilhando o ADN de referências clássicas como The Jimi
Hendrix Experience, Rory Gallagher (ao volante de Taste) e os
São Franciscanos Shiver, assim como de outras nascidas em território
contemporâneo como Radio Moscow, JOY e os helvéticos The Dues,
os Fuzzy Grass são um psicotrópico vulcão em salivante erupção que nos banha e escalda sem qualquer moderação. Na composição desta deliciosa bebida
espirituosa gravitam entre si uma liderante voz de ar aristocrático, lÃrica
romanesca e pele aveludada, hidratada e fresca, uma narcotizante guitarra de
sotaque Jimi Hendrix’eano que se enfurece na dinâmica condução de fulgurantes,
maleáveis e excitantes riffs e enlouquece na sónica libertação de efervescentes,
ácidos e rodopiantes solos que nos desaparafusam a cabeça do tronco, um baloiçante
baixo suavemente murmurado a linhas sombreadas, fluÃdas e enigmáticas, e uma expressiva bateria desembaraçada
a espalhafatosas, esfuziantes e circenses acrobacias John Bonham’eanas que
nos esporeia e afogueia sem misericórdia. São 39 minutos de flamejante
fascinação que nos atrelam à psicotrópica musicalidade de Fuzzy Grass do
primeiro ao derradeiro tema. Um indomável vendaval de endorfinas que nos balanceia
o corpo e incendeia a alma de uma euforia contida. Provem o mélico, ardente e
aromático trago de ‘The Revenge of the Blue Nut’ e vivenciem de espÃrito
conquistado e olhar embriagado todo o irresistÃvel fulgor de um registo
intensamente tentador. Um dos mais grandiosos álbuns do ano está aqui, na terna
aspereza, doce amargura, divina diabrura, colorida palidez, fria fervura e boémia
nobreza de Fuzzy Grass.
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