quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Review: 🪐 Orbitron - 'Cassini' EP (2023) 🪐

★★★★

Da cidade germânica de Paderborn chega-nos o inflamante EP de estreia do jovem, mas muito auspicioso, quinteto Orbitron. Denominado ‘Cassini’ e lançado no final do passado mês de Outubro sob a exclusiva forma digital, este primeiro passo discográfico da turma alemã – que aponta os seus instrumentos ao domínio astral – é sobreaquecido por um bombástico, arenoso, fogoso e desértico Heavy Psych, viajado por um imersivo, sónico, catatónico e explorativo Space Rock, e enfeitiçado por um contagiante, hipnótico, robótico e dançante Krautrock. Partilhando o ADN musical de outras bandas, suas conterrâneas, tais como Rotor, Iguana, Typhaon, Elara, Space Raptor, Nap, Wired Mind, Space Invaders, Trail e Hazeshuttle, os Orbitron embalam os seus ouvintes numa vertiginosa propulsão que os desenraíza da atmosfera terrestre, emancipa a consciência e mergulha na negra boca do Cosmos. Sobrevoando a cascuda atmosfera marciana, driblando a ossuda cintura de asteroides, rejeitando o asfixiante abraço gravitacional do colossal Júpiter e surfando os anéis de Saturno, exploramos e alcançamos tudo aquilo que se revela no sempiterno horizonte alienígena. A sua sonoridade poderosa, evolutiva, esponjosa e celestial – integralmente instrumental – vive de fortes contrastes, onde a alternância entre a letargia e a euforia, o glacial e o infernal, a morosidade e a aceleração, a serenidade e a ebulição convivem de perto e em sedutora harmonia. São 26 minutos saturados de um puro deslumbramento que nos empoeira o olhar de matéria estelar. Uma fantástica odisseia espacial, de estética cinematográfica Stanley Kubrick’eana, nas asas de duas guitarras escaldadas em vulcânica distorção que se coligam na condução de um verdadeiro tsunami de riffs titânicos, dinâmicos e ventosos, e desagregam na libertação de solos vistosos, ácidos e virtuosos, um baixo de bafo obeso, coeso e movediço, um teclado de aquosos, refrescantes e lustrosos coros siderais, e uma bateria de baquetas em chamas que pontapeia e afogueia toda a gloriosa atmosfera de ‘Cassini’ com uma energia imensamente contagiosa. A chamativa arte gráfica – tão condizente com tudo aquilo que a sonoridade de Orbitron edifica no imaginário do ouvinte – aponta os seus créditos de autor ao ilustrador francês Jo Riou. Este é um EP verdadeiramente aliciante que imortaliza a jovem banda germânica no meu radar. Apertem bem os cintos, recostem-se confortavelmente, fechem os olhos e embarquem nesta espantosa digressão extraterrestre sem a mais pequena vontade dela regressar.

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