segunda-feira, 31 de março de 2025

Review: 🐸 Dead Meadow - 'Voyager to Voyager' (2025, Heavy Psych Sounds) 🐸

★★★★

Está oficialmente lançado o muito aguardado 10º álbum de estúdio dos já históricos Dead Meadow, intitulado ‘Voyager to Voyager’ e editado pela companhia discográfica italiana Heavy Psych Sounds através dos formatos LP, CD e digital. A banda natural de Washington D.C. – formada no já longínquo ano de 1998 – perdera no passado ano de 2024 o seu baixista e co-fundador Steve Kille (que falecera na sequência de uma dura batalha contra o cancro) e este novo álbum – ainda com o precioso contributo do mesmo – nasce em seu sentido tributo. Norteados por um letárgico, pantanoso, melancólico, moroso e apático Psychdelic Rock de caleidoscópica tintura sessentista (que lhes é tão característico), os Dead Meadow continuam, assim, a sua ociosa jornada pelas musguentas, embrumadas, pesadas e lamacentas águas estagnadas na orvalhada, silenciada e eterna madrugada outonal. Climatizado por uma tímida, embriagada e delicada sonoridade que boceja e se espreguiça em slow-motion, este meigo ‘Voyager to Voyager’ tem o dom de derreter, inebriar e embevecer os ouvintes. Abraçados por uma atmosfera enfeitiçante, sedutora e narcotizante, somos sedados pela morfínica toxicidade de Dead Meadow e desaguados num imperturbável estádio de introspecção solitária. De espírito relaxado e sentidos embaciados baloiçamos compenetrada e demoradamente a cabeça na instintiva resposta aos serpenteantes bailados de uma guitarra ácida que se manifesta em polposos, invertebrados, delongados e oleosos riffs empapados em rugoso efeito Fuzz de onde são vertidos esguios, escorregadios, alucinógenos e coloridos solos, à sonolenta ressonância de um baixo elástico movido a linhas flácidas, gelatinosas, vagarosas e descontraídas, às ritmadas acrobacias de uma bateria hipnótica de batida leve, livre e desatada, e à soporífica placidez de uma voz desmaiada, pausada, frágil e avinagrada. São 42 minutos de um açucarado, sonhador e acetinado torpor que nos amolece, deslumbra e adormece. Uma perdurável sensação de pura ataraxia que nos asfixia de nirvânica harmonia. Deixem-se dissolver no esponjoso, mesmérico, lisérgico e preguiçoso psicadelismo de Dead Meadow, e deambulem livremente – trôpegos e sonâmbulos – pelas viçosas e brumosas paisagens deste almofadado sonho acordado. Ninguém vai querer despertar de algo assim.

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