Está
oficialmente lançado o muito aguardado 10º álbum de estúdio dos já históricos Dead
Meadow, intitulado ‘Voyager to Voyager’ e editado pela companhia
discográfica italiana Heavy Psych Sounds através dos formatos LP, CD e
digital. A banda natural de Washington D.C. – formada no já longínquo
ano de 1998 – perdera no passado ano de 2024 o seu baixista e co-fundador Steve
Kille (que falecera na sequência de uma dura batalha contra o cancro) e
este novo álbum – ainda com o precioso contributo do mesmo – nasce em seu sentido
tributo. Norteados por um letárgico, pantanoso, melancólico, moroso e apático
Psychdelic Rock de caleidoscópica tintura sessentista (que lhes é tão característico), os Dead Meadow
continuam, assim, a sua ociosa jornada pelas musguentas, embrumadas, pesadas e
lamacentas águas estagnadas na orvalhada, silenciada e eterna madrugada outonal.
Climatizado por uma tímida, embriagada e delicada sonoridade que boceja e se
espreguiça em slow-motion, este meigo ‘Voyager to Voyager’ tem o
dom de derreter, inebriar e embevecer os ouvintes. Abraçados por uma atmosfera enfeitiçante,
sedutora e narcotizante, somos sedados pela morfínica toxicidade de Dead
Meadow e desaguados num imperturbável estádio de introspecção solitária. De
espírito relaxado e sentidos embaciados baloiçamos compenetrada e demoradamente
a cabeça na instintiva resposta aos serpenteantes bailados de uma guitarra
ácida que se manifesta em polposos, invertebrados, delongados e oleosos riffs empapados em rugoso efeito Fuzz de onde são vertidos esguios, escorregadios, alucinógenos e coloridos solos, à sonolenta
ressonância de um baixo elástico movido a linhas flácidas, gelatinosas, vagarosas
e descontraídas, às ritmadas acrobacias de uma bateria hipnótica de batida leve,
livre e desatada, e à soporífica placidez de uma voz desmaiada, pausada, frágil
e avinagrada. São 42 minutos de um açucarado, sonhador e acetinado torpor que nos amolece,
deslumbra e adormece. Uma perdurável sensação de pura ataraxia que nos asfixia de nirvânica harmonia. Deixem-se dissolver no esponjoso, mesmérico, lisérgico e preguiçoso psicadelismo
de Dead Meadow, e deambulem livremente – trôpegos e sonâmbulos – pelas viçosas e brumosas paisagens
deste almofadado sonho acordado. Ninguém vai querer despertar de algo assim.
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