sexta-feira, 8 de julho de 2022

Review: 🛰 Acid Rooster - 'Ad Astra' (2022) 🛰

★★★★

Depois do registo ao vivo ‘Live at Desi’ (review aqui), do estreante álbum de estúdio ‘Acid Rooster’ (review aqui) e do primeiro EP ‘Irrlichter’ (review aqui), o tridente alemão Acid Rooster prossegue a sua fantástica odisseia discográfica com o novíssimo álbum ‘Ad Astra’, lançado em formato digital e vinil através da Cardinal Fuzz (responsável pela distribuição no Reino Unido), Sunhair (responsável pela distribuição em território europeu) e Little Cloud Records (responsável pela distribuição nos EUA). De olhos postos nas estrelas, ‘Ad Astra’ é oxigenado por um viajante, deslumbrante e arejado Space Rock, um hipnótico, místico e serpenteante Krautrock de repetitiva e imersiva cadência Drone, e ainda um colorido, esbatido e alucinógeno Psychedelic Rock. Texturizado por uma envolvente tapeçaria psicotrópica de indiscretas semelhanças com a exótica radiância dos dinamarqueses Causa Sui e Papir, e embrumado por um experimentalismo espacial a fazer lembrar as enfeitiçantes alquimias do cosmonauta germânico Sula Bassana, este novo álbum de Acid Rooster eteriza e desenraíza o ouvinte da gravidade terrestre, canalizando-o pela boca adentro do Cosmos bocejante. Desorientados e à deriva na vacuidade sideral, somos sepultados nos abismos de uma reflexiva e inquebrável narcose que nos tombará as pálpebras e rodopiará a cabeça num lento movimento orbital. De sentidos hibernados e engolidos por uma morfínica sonolência, vagueamos pela intimidade de fantasmagóricas nebulosas, driblamos solitários astros sem pulso cardíaco, e nos enlutamos na espessa e acetinada pretura que banha a eterna noite cósmica. São 46 minutos – compartimentados por duas longas e desiguais faixas – de diluviana radiação mântrica emanada por um enigmático sintetizador de eflúvios alienígenas, uma ecoante guitarra de devaneios pérsicos, um baixo esponjoso de linhas quentes, e uma magnética bateria de batida imutável. ‘Ad Astra’ é um disco meditativo, letárgico e nirvânico que nos empoeira e cega de fuligem estelar. Uma desorientadora, reconfortante, sublimada e transformadora expedição com destino ao desconhecido e sem garantias de regresso.

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