Nem seis meses
passaram desde o lançamento do muito aguardado álbum de estreia de Edena
Gardens (review aqui), e este talentoso tridente dinamarquês
acaba de nos apresentar o seu sucessor – ‘Agar’ – através do insuspeito
selo discográfico El Paraiso Records (LP, CD e digital). Orvalhado e
velejado por um ensolarado, reflexivo, imaginativo e colorido Psychedelic
Rock de revitalizante fragância oceânica (situado entre o magnético Drone
de uns Earth e o lado mais atmosférico dos “surfistas” californianos The
Mermen) e um apurado, explorativo, lenitivo e enfeitiçante Contemporary
Jazz de desarmante elegância onÃrica que vive da sensibilidade e dos
detalhes, este bonanceiro ‘Agar’ pincela no imaginário do ouvinte um ruborizado
céu crepuscular, um pacÃfico mar azul-turquesa que se estende até onde a vista
pode alcançar, e um dourado, ondulado e extenso areal que emoldura este
nirvânico retrato de um verão já findado. De olhar semi-selado e inebriado, sorriso
golpeado no rosto, cabeça vagarosamente pendulada de ombro em ombro, e espÃrito
recostado num verdadeiro oásis de afago sensorial, adormecemos confortavelmente
nos sedosos, frescos e arenosos lençóis desta prazerosa, embriagada e esponjosa
hipnose. Uma estética, odorosa e edénica brisa sonora que areja a nossa alma e
nos deixa inebriados de uma imperturbável sensação de pleno bem-estar. Deixem-se
absorver e naufragar a bordo de uma guitarra alucinógena (que se passeia entre
a calidez desértica de um Ry Cooder e a lugubridade nocturna de um Bill
Frisell) por entre os deslumbrantes, encaracolados e uivantes acordes – cuidadosamente
desatacados de um labirÃntico novelo – e trepidantes, ácidos e ecoantes solos
que se multiplicam num estonteante jogo de espelhos, um murmurante baixo de
inquebrável solidez que vigia e sombreia de perto todas as evasões da guitarra,
uma bateria acrobática e tribalista – de ritmicidade desenvolta – que troteia
toda esta harmoniosa ondulação, e ainda um mágico sintetizador – de presença esporádica
– que se adensa em polposos e melancólicos coros celestiais. São 47 minutos de purificante
luzência que nos eteriza e faroliza de encontro à doce ataraxia. ‘Agar’
irradia toda uma etérea beleza que comoverá até o mais rochoso dos corações. Uma
sempiterna maré baixa de águas diamantinas, mornas e espumosas que nos abraçam
e beijam os pés desnudos. Uma obra inspiradora, expurgadora e imersiva que nos
bronzeia e prazenteia sem qualquer moderação. Esta é a minha praia. Banhem-se no seu azul e escutem o canto da sereia.
Links:
➥ Facebook
➥ Instagram
➥ El Paraiso Records
Sem comentários:
Enviar um comentário