quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Review: ╋━ Vast Pyre - 'Bleak' (2025, Argonauta Records) ╋━

★★★★

Recém-transfigurados de duo para trio, os germânicos Vast Pyre acabam de editar o seu segundo trabalho de longa duração intitulado ‘Bleak’ e lançado pela companhia discográfica italiana Argonauta Records através dos formatos LP, CD, cassete e digital. Um ano após o lançamento do seu homónimo álbum de estreia (aqui descortinado e enaltecido), a formação alemã – domiciliada na cidade de Eisenach – detona e liberta agora uma nova e selvática avalanche de total escuridão na nossa direcção. Eclipsado e assombrado por um titânico, opressivo, invasivo e misantrópico Doom Metal, de carregadas e malfadadas feições Electric Wizard’eanas, que nos profana e enluta a alma, ‘Bleak’ é um álbum sobrenatural, impiedoso, caliginoso e implacável. Ardente, densa, tensa e contundente, a sonoridade de Vast Pyre vagueia a duas velocidades pelas lodacentas, nevoentas e invernais trevas. Num constante movimento pendular entre a pesada e embriagada morosidade que nos hipnotiza, eteriza e soterra nas abissais profundezas da narcose, e a turbulenta celeridade que nos pontapeia e incendeia numa euforia contida e dispara numa vertiginosa propulsão pela vibrante coloração astral, este novo álbum do tridente germânico é integralmente governado por uma sufocante atmosfera infernal. Carbonizados pelas negras lavaredas de ‘Bleak’, caminhamos, apáticos e sonâmbulos, numa enfeitiçante peregrinação de orientação demoníaca que nos gela o coração. São 44 minutos intoxicados por uma perniciosa, tenebrosa e irrespirável pretura que nos consome na sombra do profano. Cinco imersivos contos de horror superiormente musicados por uma guitarra sacerdotal que se agiganta em vigorosos, monolíticos, esfíngicos e trevosos riffs de rajadas ciclónicas e lamentos dramáticos – chamejados por uma distorção resinosa, corrosiva e rugosa – de onde esvoaçam melancólicos, tortuosos, oleosos e fantasmagóricos solos, um baixo intimidante de reverberação encorpada, sisuda e arrastada, uma bateria potente de batidas massivas, queimantes e altivas, e uma vampírica voz de expressão pálida, gélida, límpida e ecoante que ocasionalmente se enfurece e enrijece em rugidos ácidos e cavernosos. De destacar ainda a bela e bizarra portada caprichosamente ilustrada pelo inconfundível e renomado pintor polaco Zdzisław Beksiński onde o nosso olhar naufraga durante todo este esotérico ritual liderado por Vast Pyre. Este é um álbum verdadeiramente angustiante que nos cega, rouba o ar do peito e mumifica. Um registo distópico, tétrico e obscuro, de paisagens aterradoras e desoladoras, onde nos perdemos e descoloramos. Um inescapável pesadelo do qual não acordamos.


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