sábado, 31 de outubro de 2020
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
Review: ⚡ Wobbler - 'Dwellers of the Deep' (2020) ⚡
Originário da
cidade-capital de Oslo (Noruega) chega-nos o fabuloso quinto
álbum esculpido pelo talentoso quinteto Wobbler. Designado de ‘Dwellers
of the Deep’ e devidamente lançado pelo influente selo discográfico local
Karisma Records nos formatos físicos de CD e vinil, este épico registo
da adorável formação nórdica navega gloriosamente pelos mares de um aprumado,
majestoso, charmoso e ornamentado Progressive Rock de estirpe
revivalista e aura fabular – sublimemente magicado nos dourados e sagrados anos 70 onde se
notabilizaram marcantes referências do género tais como Genesis, YES,
Camel, Gentle Giant e os intratáveis Emerson, Lake & Palmer – que me
envolvera, enfeitiçara e comovera do primeiro ao derradeiro tema. A sua
sonoridade de vestes aristocráticas e crenças mitológicas – superiormente conduzida
a faustosas, elaboradas, cuidadas e auspiciosas composições – bamboleia-se
entre delicadas, contemplativas e espaçadas melodias climatizadas a bruma
onírica e massajadas a embriagante placidez, e estonteantes, labirínticos e
extravagantes remoinhos impecavelmente centrifugados pela provocante, incrível e dialogante
simbiose instrumental. De pupilas dilatadas, semblante pasmado, espírito deslumbrado e atenção firmemente atrelada à imponente, envolvente e sumptuosa
musicalidade que se serpenteia e pavoneia com ofuscante vistosidade, somos
embalados numa epopeica odisseia sensorial nutrida por uma magnificente guitarra
de aparatosos, romanescos e primorosos acordes tecidos a desarmante beleza, e ziguezagueantes,
gloriosos e trepidantes solos, um fibroso baixo bafejado a linhas pulsantes, hipnóticas
e dançantes, uma bateria jazzística tiquetaqueada a uma ritmicidade
precisa, lustrosa e inventiva, um teclado altivo de estéticos, excepcionais e
proféticos bailados condimentados e embrumados a mística, experimental e
ritualística alquimia, e ainda uma melodiosa, elegante e liderante voz de
colocação senhorial – escoltada por um populoso coro angelical – que capitaneia
com definida presença toda esta consumada obra-prima do Progressive Rock
contemporâneo. ’Dwellers of the Deep’ é um álbum verdadeiramente magistral
– integralmente pensado e executado à minha imagem – que me fizera transbordar de
extasiante sedução ao longo dos seus 46 minutos de duração. Um dos mais
feéricos e monumentais registos de 2020 está aqui, na enigmática fragância decantada
por este dotado colectivo norueguês que conta já com mais de duas décadas de frutífera existência.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Karisma Records
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
terça-feira, 27 de outubro de 2020
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Review: ⚡ BleakHeart - 'Dream Griever' (2020) ⚡
Da populosa cidade de
Denver (capital do estado norte-americano do Colorado) chega-nos
o intrigante álbum de estreia do jovem quarteto BleakHeart. Denominado
de ‘Dream Griever’ e muito recentemente lançado pela mão da
editora discográfica local Sailor Records nos formatos físicos de CD,
cassete e vinil, esta portentosa obra causara em mim um tremendo impacto. Composta
por um vaporoso, melancólico, distópico e brumoso Shoegaze de
enfeitiçante sublimidade que se desenvolve, obscurece, enrijece e revolve num poderoso,
misantrópico, atmosférico e umbroso Doom Metal de inflamante ferocidade,
a sua sonoridade outonal, nocturna e pastoral – a fazer(-me) recordar a inglesa
Rose Kemp e os californianos Giant Squid – balanceia o ouvinte entre
a anestésica, sidérica e introspectiva prostração e a trevosa, vigorosa e emancipadora
comoção. De olhar eclipsado, espírito hipnotizado, sentidos embaciados e cabeça
pesadamente pendulada de ombro a ombro, somos assombrados pelas narcotizantes, enlutadas
e lacrimosas baladas cor de noite que nos são fascinantemente sussurradas por
uma voz espectral, translúcida e celestial, tricotadas por duas guitarras excruciantes
de acordes sepulcrais, dramáticos e hipocondríacos, galopadas por uma troante bateria
de batida forte, pausada e atordoante, e ainda passeadas por um lírico teclado que
com as suas notas refrescantes, enternecedoras e saltitantes empresta a ‘Dream
Griever’ toda uma caliginosa, solitária e chuvosa atmosfera Film Noir.
Este é um álbum embrumado a doce melancolia. Um registo
tristemente belo que decerto não deixará nenhum dos seus ouvintes recostado à indiferença.
Não vai ser fácil desentorpecer da lúgubre toxicidade por ele nebulizada, e
despertar deste profundo estádio de firme sonambulismo que nos climatizara, abalara e
governara do primeiro ao derradeiro minuto. Recostem-se confortavelmente na penumbra,
respirem profunda e vagarosamente, desmaiem as pálpebras sobre o olhar envidraçado, e mergulhem sem regresso assegurado no elegíaco
obscurantismo de BleakHeart. Um dos trabalhos mais imersivos, marcantes e
reflexivos do ano está aqui. Encarvoem-se nele.
domingo, 25 de outubro de 2020
sábado, 24 de outubro de 2020
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Review: ⚡ Tambourinen - 'Wooden Flower' (2020) ⚡
O talentoso multi-instrumentista
Grant Beyschau (mais conhecido como baterista da banda The Myrrors)
acaba de estrear o seu primeiro álbum a solo ao leme do auspicioso projecto
denominado de Tambourinen. Lançado em formato físico através da parceria
discográfica entre a inglesa Cardinal Fuzz (responsável pela distribuição
em solo europeu) e a norte-americana Centripetal Force Records
(responsável pela distribuição em solo americano), ‘Wooden Flower’
prende um imersivo, bucólico e meditativo ritual de afago e consagração
espiritual que combina um repetitivo, hipnótico, morfínico e lenitivo Drone
de inescapáveis teias, com um dançante, exótico, mântrico e enfeitiçante Krautrock
de aura oriental, e ainda um embriagante, prismático, caleidoscópico e deslumbrante
Psychedelic Rock de colorida extravagância numa xamânica amálgama que
nos nutre a fascinação do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade rústica,
obscurantista, intimista e litúrgica – tricotada a padrões étnicos e matizada a
místico experimentalismo – edifica no imaginário do ouvinte todo um sagrado
esplendor desértico, de pés descalços enraizados nas sedosas, cremosas e
bronzeadas dunas e olhar diluído na corada radiância emanada de um Sol
crepuscular que se debruça no arenoso firmamento. De espírito devoto a este
eremita sediado no Arizona, somos afunilados numa labiríntica hipnose
oxigenada a introspecção que nos desagua num pleno estádio de imperturbável
transe religioso. Composto por uma guitarra druídica que se manifesta em envolvente
e catárticos acordes e solos psicotrópicos e afrodisíacos, um baixo ondulante
de linhas empoladas e magnetizantes, uma bateria tribalista de expansiva e
criativa ritmicidade, um mágico sintetizador que ausculta os astros, e um aparatoso
saxofone de uivantes, ciclónicos e dilacerantes sopros. São 30 minutos de uma
diluviana alquimia que nos adormece os sentidos e escancara as portas da
percepção. Percam-se nesta infinita escadaria em forma de espiral que vos
encaminhará para o tão almejado nirvana. ‘Wooden Flower’ é uma
obra verdadeiramente divina que facilmente nos converte em seus zelosos peregrinos.
Um trabalho de natureza primitiva e beleza consumada que da idílica acalmia à pitoresca
rebaldaria nos transcende aos céus da ataraxia. De olhar eclipsado, cabeça
baloiçante e espírito iluminado, deixem-se flutuar, enternecer e canonizar pelas edénicas torrentes
de Tambourinen, e experienciar com transbordante fé um dos álbuns mais
messiânicos de 2020.
Links:
➥ Bandcamp
➥ Cardinal Fuzz
➥ Centripetal Force
terça-feira, 20 de outubro de 2020
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Review: ⚡ Apodemus - 'Signal' EP (2020) ⚡
Do território russo
chega-nos o novo EP gerado pelo electrizante power-trio Apodemus.
Denominado de ‘Signal’ e recentemente lançado sob a exclusiva
forma digital, este empolgante registo de curta duração vem inflamado por um imersivo,
delirante e intuitivo Heavy Psych – de aromatizado tempero astral, condução
puramente instrumental e devidamente sintonizado na mesma frequência de bandas
como Earthless, Tia Carrera e Domadora – que se desdobra progressivamente
de uma plácida, sonolenta e glacial lisergia até uma vulcânica, efervescente e febril
euforia. Composto por uma narcotizante, enlouquecedora, emancipadora e
excitante Jam que nos descarrila a lucidez, sobreaquece de embriaguez e embala
na vertiginosa propulsão rumo à medula do espaço interstelar, e uma portentosa cover
do célebre tema "Asteroid" (originário dos lendários Kyuss)
que nos desenraíza da gravidade consciencial e intoxica a já aturdida alma de poeira
estelar, este psicotrópico EP de toxicidade a perder de vista provoca no
ouvinte todo um vibrante abalo emocional. De âncora recolhida e velas içadas, somos
velejados de encontro aos mais turbulentos mares cósmicos à imersiva boleia imposta
por uma guitarra ácida que vomita borbulhantes, alucinados, coloridos e
ziguezagueantes solos Hendrix’eanos em sónica
debandada, um magnético baixo de bafejo ondeante, denso, fibrótico e pulsante que
se agarra com firmeza ao Riff-base, e uma relampejante, fogosa e
fulminante bateria de incisiva ritmicidade vergastada a alta rotação. Deixem-se
envolver, revolver e deflagrar neste estonteante remoinho centrifugado pelo
tridente russo Apodemus, e testemunhem a impactante desagregação da vossa
alma numa expressiva detonação de endorfinas. Vai ser impossível ouvir este EP
apenas uma vez, duas ou três.
domingo, 18 de outubro de 2020
sábado, 17 de outubro de 2020
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Review: ⚡ Wayfarer - 'A Romance With Violence' (2020) ⚡
Dois anos depois de ‘World's
Blood’ (aqui descrito e largamente elogiado), os quatro
pistoleiros denominados de Wayfarer e oriundos de Denver (Colorado,
EUA) estão de regresso com o lançamento do seu novíssimo álbum intitulado
de ‘A Romance with Violence’ e devidamente promovido pela mão da
editora discográfica canadiana Profound Lore Records nos formatos
físicos de CD e vinil. Munidos de um despótico, combativo, corrosivo e atmosférico
Black Metal desbravado à minha imagem que reparte o protagonismo com um prostrado, soturno,
nocturno e enlutado Folk Metal, estes cavaleiros de olhares suspeitosos,
coldres desapertados, roupas empoeiradas e gatilhos nervosos trazem-nos mais um
violento capítulo das suas audaciosas aventuras pelo mítico velho oeste.
Alternando entre destravadas, tempestuosas e buliçosas cavalgadas de esporas
sangrentas e locomovidas à rédea solta, e misantrópicas, funestas e distópicas baladas
pinceladas a doce melancolia, a brutal sonoridade de ‘A Romance with Violence’
prende uma fogosa obscuridade que nos envolve, sombreia e revolve do primeiro
ao derradeiro tema. Constantemente ricocheteados entre a enlouquecedora euforia
e a enternecedora nostalgia, somos inflamados pelos ardentes rugidos de uma voz
cavernosa, gutural e raivosa, pontapeados por uma pujante bateria metralhada a
uma ritmicidade vertiginosa, polvorosa e demolidora, sombreados por um
bafejante baixo de linhas densas, tensas e poderosas, e crivados por duas
guitarras flamejantes que se enfurecem em Riffs imponentes, draconianos
e erodentes, e ensoberbecem em uivantes, hipnóticos e dilacerantes solos. São
45 minutos inteiramente governados por uma misteriosa ambiência desértica que nos mantém
firmemente atrelados a um estádio de inesgotável fascinação e febril comoção. ‘A
Romance with Violence’ é uma arrojada obra de contornos triunfantes que
não deixará ninguém recostado à indiferença. Um Western de beleza selvagem superiormente musicado. Vai ser demasiado fácil ver estes intimidantes cowboys
de cordas enlaçadas nas mais destacadas posições que albergam os mais medalhados álbuns nascidos
em 2020.
Links:
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➥ Bandcamp
➥ Profound Lore Records
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Review: ⚡ Arcadian Child - 'Protopsycho' (2020) ⚡
Oriunda da mediterrânica
cidade de Limassol (mapeada na ilha do Chipre) chega-nos a
enfeitiçante alquimia sublimemente magicada e destilada pelo quarteto cipriota Arcadian
Child que nos acaba de presentear e prazentear com o seu terceiro álbum. Baptizado
de ‘Protopsycho’ e muito recentemente lançado nos formatos
físicos de CD, cassete e vinil pela parceria discográfica que combina a californiana
Ripple Music e a alemã Kozmik Artifactz, este seu novo trabalho
de longa duração vem oxigenado e aromatizado por um edénico misticismo oriental
de onde facilmente se reconhece e apalada um serpenteante, hipnótico, catártico
e contagiante Neo-Psychedelic Rock de estética arábica e um ritualista, meditativo,
imersivo e obscurantista Psychedelic Folk de paisagens bucólicas e feições pagãs. Compatibilizando o afrodisíaco exotismo de uns Ouzo Bazooka com a profecia desértica de
uns All Them Witches e o magnetismo astral de uns King Buffalo, a
fascinante sonoridade de ‘Protopsycho’ instaura em nós toda uma
purificante religiosidade ancestral. Percorrendo as vielas da velha Pérsia ao
volante de um esvoaçante tapete mágico, reconfortando a alma num revitalizante oásis
mental, e caminhando de pés desnudos pelas douradas, mornas e aveludadas dunas
de um arenoso oceano que se distende na vertiginosa direcção do Sol poente,
somos convidados a ingressar num labiríntico caleidoscópio sensorial que tanto
nos dissolve numa anestésica calmaria, como revolve numa incontida euforia. Na
génese de toda esta etérea peregrinação aos mais ataráxicos territórios do
nosso Cosmos interior, estão duas guitarras proféticas que se manifestam em Riffs
aliciantes, sinuosos, luxuriosos e intoxicantes, e solos uivantes, alucinógenos, ácidos e ecoantes,
um murmurante baixo de linhas sombreadas, viçosas e condensadas, uma bateria tribalista
de timbalões galopantes e pratos flamejantes, e ainda uma voz de pele balsâmica, melódica
e liderante. Percam-se e encontrem-se por entre a erótica misticidade destes
quatro sultões de instrumentos empunhados, e experienciem um dos álbuns mais encantadores
do ano. Comunguem-no sem moderação e com transbordante devoção.
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
terça-feira, 13 de outubro de 2020
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
domingo, 11 de outubro de 2020
Review: ⚡ Cheap Wine - 'Schrödinger's Pipe' (2020) ⚡
Depois de lançados os
EP’s ‘Mystic Crow’ (2013) e ‘Sad Queen’
(2016), o talentoso colectivo francês Cheap Wine estreia agora o seu
primeiro trabalho de longa duração. Intitulado de ‘Schrödinger's Pipe’
e devidamente promovido pela mão do selo discográfico local Celebration Days
Records (com o qual a banda reforça o seu exclusivo vínculo editorial) nos
formatos físicos de CD e vinil (este último ultra-limitado à prensagem de
apenas 275 cópias), e ainda sob a forma digital através das mais variadas
plataformas, este apaixonante álbum conserva toda uma carismática classe fielmente
transferida das douradas décadas de 60 e 70. Fundamentado num caleidoscópico,
envolvente e quimérico Psychedelic Rock de aroma primaveril, um meloso, provocante
e melodioso Blues-Rock de roupagem vintage, e ainda um extravagante,
majestoso e serpenteante Progressive Rock de aura fabular, este ‘Schrödinger's
Pipe’ ostenta desarmantes composições tricotadas e temperadas a destreza,
sentimento e delicadeza. Um mélico, edénico e frutado trago que prontamente nos
afaga, deleita e embriaga. Administrada por uma pomposa, tentadora e libidinosa
atmosfera de estética cabaresca, esta impecável obra de Cheap Wine
é superiormente orquestrada por uma guitarra liderante que se ensoberbece em principescos,
comoventes e ardentes acordes de onde esvoaçam solos ziguezagueantes,
afrodisíacos e atordoantes, um baixo murmurante de linhas pulsantes, fibradas e
vagueantes, uma bateria jazzística esporeada a um inventivo, refinado e
altivo galope, um opulento órgão de sotaque Jon Lord’eano
que se perde e encontra por entre aparatosos, transbordantes e gloriosos
bailados, e uma simpática voz de entoação aristocrática que é pontual escoltada
por um angelical e populoso coro vocal – transversal aos restantes membros da
banda – que confere um agradável clima Soul ao álbum. Num plano secundário
– no que à vistosidade diz respeito – é ainda essencial destacar um dançante teclado
de notas odorosas, saltitantes e harmoniosas, e um lírico violino de mugidos aveludados,
imersivos e arejados que, em inquebrável e dialogante cumplicidade, assumem total protagonismo nas curtas, escassas, mas eloquentes baladas Folk de aragem western,
luminosidade crepuscular e tonalidade outonal que intervalam esta épica cavalgada de instrumentos em debandada. ‘Schrödinger's Pipe’
é um registo lavrado e maturado a uma apurada, doce e sublimada finura que nos
satisfaz o imenso desejo de requinte. Deixem-se damejar e conquistar ao erótico e refrescante som de Cheap Wine e degustem um dos mais românticos álbuns desabrochados
em 2020. Não vai ser nada fácil dissipar esta intensa ressaca em nós enraizada pelo
sexteto francês.
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➥ Celebration Days Records
sábado, 10 de outubro de 2020
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Review: ⚡ Mojo Wizard - 'Butter Drippin Dream' EP (2020) ⚡
De Sherbrooke –
cidade localizada na província canadense de Quebec – chega-nos o novo EP
magicado pelos xamãs Mojo Wizard. Designado de ‘Butter Drippin
Dream’ e oficialmente lançado no primeiro dia do presente mês de
Outubro sob a forma digital e em formato de CD, este renovado fármaco caprichosamente
forjado pelo enigmático quarteto canadiano vem motorizado por um enfeitiçante, venenoso
e intrigante Heavy Psych que se emporcalha e obscurece num dominante, pavoroso
e sufocante Proto-Doom, e chamejado por um caloroso, irreverente e cerimonioso
Garage Rock tingido a um excitante corante Blues-Rock. A sua
sonoridade misteriosa, magnetizante e nebulosa é assombrada por uma tenebrosa liturgia
de ambiência vampírica que nos petrifica o olhar, prende a respiração, empalidece
o semblante e enregela a alma. Embalados numa labiríntica hipnose banhada a
mescalina via auditiva, somos sombreados e capturados pelas demoníacas ressonâncias
Black Sabbath’icas que gravitam todos os recantos deste
registo de curta duração. De lucidez drenada e religiosidade enlutada, escoamos
num enlouquecedor vórtice tricotado por um aliciante órgão de adoração
ocultista que se adensa em perversos bailados, uma guitarra pagã que hasteia Riffs
amaldiçoados, ardentes, erodentes e avantajados, e vomita solos desgovernados,
esvoaçantes, uivantes e coagulados, uma expressiva bateria carburada a um galope
desembaraçado, enérgico, categórico e transudado, um umbroso baixo de reverberação
pesadamente baforada a linhas tortuosas, densas, tensas e poderosas, e uma fantasmagórica
voz de pele avinagrada, diabrina e gelada. ‘Butter Drippin Dream’
é um EP ferozmente influente e intoxicante – emoldurado a uma ambiência melancólica,
sinistra e dramática – que me ensombrara e estarrecera do primeiro ao último
minuto.