sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Review: ⚡ Kanaan - 'Earthbound' (2021) ⚡

★★★★

Depois de ‘Windborne’ (aqui examinado), ‘Odense Sessions’ (aqui examinado) e ‘Double Sun’ (aqui examinado), eis que o jovem e talentoso tridente norueguês Kanaan – sediado na capital Oslo – acaba de lançar o seu quarto álbum de estúdio, denominado de ‘Earthbound’ e carimbado pela companhia discográfica local Jansen Records através dos formatos digital e vinil. Enegrecendo, dinamitando e robustecendo a musicalidade que norteara os seus antecessores, este bombástico e aparatoso Earthbound’ associa um inflamante, tonificado, carregado e euforizante Heavy Psych de atemorizantes feições Doom’escas a um estonteante, acrobático, enfático e electrizante Jazz-Rock lavrado a sónico experimentalismo, e ainda a um imersivo, hipnótico, quimérico e meditativo Krautrock que orvalha os efémeros estágios de etérea bonança nesta bélica e implacável tempestade instrumental. A sua sonoridade intensamente efervescente, montanhosa, portentosa e erodente agiganta-se perante o ouvinte num impactante, monolítico e chamejante tsunami de endorfinas que o sombreia e incendeia de sísmica exaltação. Conseguem imaginar os lendários Kyuss à saída de uma academia de Jazz com o diploma debaixo do braço? Se sim, então acabam de pisar os abrasivos territórios onde germinara e frutificara este novo álbum de Kanaan. Na composição do combustível que nutre toda esta vertiginosa propulsão, alinham-se uma titânica guitarra – banhada, distorcida e encrostada pelo infernal, crocante e borbulhante efeito Fuzz – que vocifera fogosos, ciclónicos, tirânicos e monstruosos Riffs de onde descarrilam nervosos, uivantes, ácidos e sinuosos solos, um fibrótico baixo valvulado a linhas pulsantes, inchadas, onduladas e possantes, uma selvática bateria em polvorosa que escoiceia – a frenética agilidade, enérgica explosividade e desmedida tecnicidade – os timbalões trovejantes e os pratos relampejantes, e ainda um mágico sintetizador que asperge a atmosfera do disco de um edénico misticismo estelar. O artwork minimalista de design futurista aponta os seus créditos autorais ao inconfundível artista sueco Robin Gnista. São 44 minutos governados por um caótico bombardeamento que nos agride e amotina, aliado a um psicotrópico atordoamento que nos embacia a lucidez e atesta de pesada embriaguez. ‘Earthbound’ é um registo verdadeiramente expressivo, pujante, tonitruante e incisivo – de longe o mais trevoso da sua discografia – que fará estremecer de vibrante e caloroso empolgamento todo aquele que ousar enfrentá-lo. Deixem-se arrastar e embalar à boleia da forte corrente de ‘Earthbound’, e naufragar num centrifugado delírio. Um dos grandes discos do ano está aqui, na revitalizante força dos transmutados Kanaan. É impossível escapar disto ileso. Encarvoem-se, revolvam-se e empoderem-se nele.

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